O que pensam e quais as propostas dos 13 candidatos a presidência do Brasil para a sustentabilidade?
Fiz um compilado com o que está nos planos de governos divulgados até o momento, com minha opinião sobre o que foi proposto.
ALVARO DIAS – PODEMOS
- Utilizar desenvolvimentos tecnológicos para preservação do meio ambiente.
Minha opinião: O típico caso de “coloca uma frase aí sobre meio ambiente só para dizer que tem alguma coisa”. Impossível saber o que pensa o candidato sobre o assunto a partir disso. Estranho também se lembrarmos que ele foi filiado ao Partido Verde entre 2016 e 2017. Mas até aí nada de novo, pois o Partido Verde tem mostrado que se afasta cada vez mais do propósito inicial, explicito no nome da legenda.
CABO DACIOLO – PATRIOTA
- Sem propostas até o momento.
Minha opinião: Pelo que vi e ouvi até agora do candidato não me parece que este assunto seja importante para ele. O fato de não haver sequer uma linha no plano de governo comprova isso.
CIRO GOMES – PDT
- Implementar as metas definidas pelo Acordo de Paris. Para isso, entre outras medidas, estimular a adoção de energias renováveis, como biocombustíveis, biomassa, hidráulica, solar e eólica.
- Apoiar pequenas e médias empresas que gerem negócios inovadores na área de sustentabilidade.
- Expandir e buscar a universalização dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto.
Minha opinião: Importante ver a questão do saneamento contemplada no plano. Creio que esse ponto deveria ser obrigatória para qualquer pessoa que pensa em ser presidente, por todo o benefício econômico, social e ambiental que o saneamento traz. Bom ver também a ratificação da candidatura ao Acordo de Paris, afinal este é o acordo ambiental mais importante e representativo feito até hoje. Não há menção a preservação de florestas ou a questões de licenciamento ambiental, pois não vamos esquecer que a vice nesta chapa é uma das líderes da bancada ruralista no congresso, a senadora Kátia Abreu (PDT – TO).
GERALDO ALCKMIN – PSDB
- Perseguir o cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris, sobre o clima.
- Ser “firmes e técnicos na questão ambiental, evitando a politização e a visão de curto prazo que pautaram os debates ambientais”.
Minha opinião: Esperava mais do PSDB, partido que sempre se disse na vanguarda na questão da sustentabilidade e que ficou tanto tempo no poder. A menção ao Acordo de Paris é apenas correta. De interessante a intenção em evitar a politização da questão ambiental. Mas quando lembramos que o grosso da bancada ruralista já declarou apoio a Alckmin essa frase mais preocupa do que dá esperanças.
GUILHERME BOULOS – PSOL
- Implementar políticas de desmatamento zero e restauração da mata nativa.
- Fortalecer a proteção de águas, aquíferos e sistemas hídricos.
- Promover uma transição energética e produtiva, “buscando aposentar o uso dos combustíveis fósseis”.
- Iniciar um processo de transição na produção de alimentos, buscando a eliminação das sementes transgênicas e dos agrotóxicos.
Minha opinião: Acho a escolha dos temas bastante válida, mas com extremismos pouco críveis. Por mais que estas ideias sejam interessantes para qualquer pessoa que defende a causa ambiental, aposentar os combustíveis fósseis, e eliminar agrotóxicos e transgênicos na economia brasileira está longe de ser algo viável. Vejo que seria possível marcar as posições do partido sem assumir questões que não se mostram viáveis no curto/médio prazos.
HENRIQUE MEIRELLES – MDB
- Seguir com os objetivos do Acordo de Paris, incentivando o reflorestamento e estimulando o investimento em energias renováveis.
Minha opinião: Para um candidato de um partido que está no poder chega a ser ridículo o que está posto. Afinal, esta candidatura, mais do que qualquer outra, teria acesso a dados, projetos, propostas em andamento. Para mim isso é mais uma prova do retrocesso preocupante na questão ambiental neste o governo do PMDB (agora sem o “P”).
JAIR BOLSONARO – PSL
- Defende que o Brasil deixe o Acordo de Paris sobre o clima — assim como fizeram os Estados Unidos de Donald Trump.
- Fundir os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, o que colocaria “um fim na indústria das multas, bem como leva harmonia ao campo”. O ministro seria indicado “pelas entidades dos produtores”.
Minha opinião: Para qualquer pessoa que se importe o mínimo com a causa ambiental estas propostas são assustadoras. Quer romper com o Acordo de Paris? Ok, mas qual seria a proposta? Entregar o meio ambiente aos ruralistas é subjugar a natureza a produção, o que é um absurdo sem tamanho. Temos tantos exemplos no Brasil e no mundo que provam o quanto é possível essa coexistência, equilibrando economia e preservação. O que vemos são apenas rompimentos irresponsáveis, sem nenhuma proposta para o país na questão da sustentabilidade.
JOÃO AMOÊDO – NOVO
- Reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia.
- Recuperar rios, baías e praias em parceria com o setor privado.
- Eliminar lixões por meio de consórcios municipais e parcerias com o setor privado.
- Ampliar a energia renovável na matriz energética. Eliminar subsídios à energia não-renovável, como gasolina e diesel.
Minha opinião: Não é surpresa a presença da expressão “parceria com o setor privado”. Afinal, não esqueça que esta legenda defende o estado mínimo na concepção mais pura do liberalismo (e aqui apenas esclareço, sem nenhum posicionamento). Vejo que na questão do saneamento como um todo, e não só dos lixões, a participação da iniciativa privada será muito necessária. A proposta de eliminar subsídios aos combustíveis fósseis é coerente, afinal uma das propostas do NOVO é privatizar todas as empresas públicas, incluindo a Petrobrás. No mais achei um plano bastante vago para um partido que está há tanto tempo planejando esta candidatura.
JOÃO GOULART FILHO – PPL
- Garantir uma cobertura de 100% de coleta e tratamento de esgoto nos centros urbanos.
- Fortalecer a transição para combustíveis menos poluentes e estimular políticas de transporte coletivo.
- Aumentar a multa e a pena para crimes ambientais, sobretudo em casos de desastres ecológicos.
Minha opinião: De interessante a menção ao incentivo do transporte coletivo como política federal, o que acho válido e necessário. Válida também a proposta relacionada ao saneamento, mas com uma meta inviável para um mandato de 4 anos. Mais um caso de plano de governo que parece ter sido feito as pressas e simplesmente para constar.
JOSÉ MARIA EYMAEL – DC
- Proteger o meio ambiente e assegurar a todos o direito de usufruir a natureza sem agredi-la. Orientar as ações de governo com fundamento no conceito de que a terra é a pátria dos homens.
Minha opinião: Blá, blá, blá. Acho que se essa “missão partidária” fosse verdade mesmo esta chapa teria dedicado um mínimo de tempo que fosse para colocar no papel pelo menos uma proposta concreta para o tema.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – PT
- Preservar e proteger os recursos naturais “da devastação que os ameaça com os ataques do governo golpista”.
Minha opinião: Sério? Só isso de um partido que esteve no poder nos últimos tantos anos? Imaginava que pelo menos as conquistas em relação a sustentabilidade dos anos de PT na presidência fossem destacadas, como a grande diminuição do desmatamento na Amazônia. Nada, infelizmente a pauta ambiental virou apenas mais um espaço para destacar o ódio ao “governo golpista”.
MARINA SILVA – REDE
- Estar na vanguarda das discussões internacionais em matéria de mudança do clima e biodiversidade.
- Criar programa de instalação de unidades de geração de energia solar fotovoltaica, com 1,5 milhão de telhados solares fotovoltaicos de pequeno e médio porte até 2022.
- Atingir desmatamento zero no Brasil no menor prazo possível, com data limite em 2030.
- Definir metas de redução do consumo de energia como critério de remuneração das distribuidoras de energia.
- Criar Unidades de Conservação de Uso Sustentável, especialmente Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável. Implantar um sistema de compensação financeira para as comunidades tradicionais que promoverem a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade.
Minha opinião: Desde o começo a Rede (surgiu como Rede de Sustentabilidade) é um partido que se diz totalmente a favor da sustentabilidade. Então acho natural que do plano de governo desta legenda viessem as propostas mais concretas. Para mim o mais interessante é a proposta relacionada ao incentivo da energia solar nas residências, algo que já se provou não só sustentável, mas com grande capacidade de geração de empregos e renda. Por outro lado, exatamente por ser uma legenda que se diz tão alinhada a sustentabilidade, esperava uma importância estratégica maior associada a geração de emprego e renda, assumindo mesmo a ideia de uma transição para um modelo econômico menos poluente.
VERA LUCIA – PSTU
- Sem propostas
Minha opinião: Pelo que vi do PSTU em todas as eleições que participaram não me surpreende que o assunto fique de lado.